O Castigo santifica ?

     A correção não concede a filiação, pois a filiação é por meio do novo nascimento. Somente após o homem nascer de novo, da água e do Espírito é que será disciplinado pelo Senhor. O cristão torna-se participante da santidade de Deus por ser gerado da semente incorruptível ( Ef 4:24 ), o que lhe dá a condição de filho. Não é a correção que dá a condição de filho. Após receber os que crêem em Cristo por filhos, Deus os corrige, e eles devem suportar a disciplina como filhos amados.

“... mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade”( Hb 12:10 )
 
A Disciplina Santifica?

   Alguns teólogos afirmam que a santificação se dá mediante a submissão à disciplina divina, e utilizam estes versículos para dar sustentação a tal posicionamento doutrinário: "Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade” ( Hb 12:1 -11), e "Mas, quando somos julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” ( 1Co 11:32 ).
“Tornamos-nos participantes da santidade de Deus por intermédio da administração de castigo por nosso Pai Celeste, e por meio de nossa submissão ao mesmo castigo” BANCROFT, EMERY H., Teologia Elementar, ed. EBR, 2001, 10ª Impressão, Pág. 265 (grifo nosso).
Muitos por entenderem que a santificação divide-se em três fases, sendo uma delas PROGRESSIVA. Entendem que tal fase refere-se à vida terrena do cristão, e afirmam que a Santificação se dá por intermédio dos 'castigos' aplicados por Deus, e utilizam os versículos citados acima.
Porém, ao analisar os versículos dentro do contexto, temos a seguinte surpresa: o castigo de Deus não é para Santificação! A disciplina ou a correção de Deus não torna ninguém santo!
   O início do capítulo doze da carta aos Hebreus é conclusão de uma idéia que teve inicio em capítulos anteriores Portanto, visto que...” ( Hb 12:1 ). Nesta conclusão o escritor propõe que os cristãos corram com perseverança a carreira proposta, olhando firmemente para Cristo.
Dentro da conclusão o escritor apresenta um novo argumento solicitando aos cristãos que considerassem o quanto os pecadores se opuseram a Cristo: Considerai aquele que suportou...” ( Hb 12:3 ). Ele apresenta dois argumentos para convencer os cristãos a perseverarem na fé (carreira proposta):
  • Ainda não tinham resistido até o sangue ( Hb 12:4 );
  • Não haviam chegado ao monte Sinai, mas sim ao monte Sião ( Hb 12:18 à 22).
   No primeiro argumento, que dispõe sobre a necessidade de se considerar o sofrimento de Jesus, temos a exortação: “Ainda não resististes até o sangue (...) e já vos esquecestes da exortação que vos admoesta como a filhos” ( Hb 12:5 ).
O escritor apóia a sua argumentação em um verso do Livro de Provérbios que diz: “Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaieis quando por ele fores repreendido, porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo o que recebe por filho” ( Pv 3:11 ).
Com base neste versículo, o escritor da Carta aos Hebreus desenvolve o seguinte raciocínio dividido nas seguintes premissas:
  • A correção é para disciplinar, instruir, corrigir ( Hb 12:6 );
  • O tratamento dispensado por Deus aos Cristãos é como o tratamento que os pais dispensam a seus filhos ( Hb 12:7 );
  • Que filho há que não necessite de correção?;
  • Se alguém não sofre a disciplina é porque não é filho. Não passa de bastardo ( Hb 12:8 );
  • Os pais (segundo a carne) corrigem e os filhos os respeitam, portanto, os cristãos são convidados a sujeitarem a Deus? ( Hb 12:9 );
  • Os pais corrigem como bem lhes parece e por um período de tempo; mas Deus corrige “...para sermos participantes da sua santidade” ( Hb 12:10 ).
   Através de uma leitura superficial, alguém pode concluir que o cristão é santificado mediante as correções (disciplina), entretanto, não é esta a idéia do escritor da carta!
O escritor simplesmente demonstrou qual é o tratamento que Deus dispensa àqueles que são recebidos por filhos: a disciplina “Pois que filho há a quem o pai não corrige?”. Porém, a disciplina não promove a filiação divina, antes é a filiação que traz a disciplina.
A correção não concede a filiação, pois a filiação é por meio do novo nascimento. Somente após o homem nascer de novo, da água e do Espírito é que será disciplinado pelo Senhor.
O cristão torna-se participante da santidade de Deus por ser gerado da semente incorruptível ( Ef 4:24 ), o que lhe dá a condição de filho. Não é a correção que dá a condição de filho. Após receber os que crêem em Cristo por filhos, Deus os corrige, e eles devem suportar a disciplina como filhos amados.
   Através da fé em Cristo, os cristãos foram de novo gerados. Estes não têm outro destino a não ser serem filhos por adoção (predestinados), ou seja, para quem esta em Cristo não há outro destino: são filhos de Deus.
   Caso alguém não queira a posição de filho, que não venha a Cristo, visto que, todos quantos aceitarem a Cristo como Senhor, estes são recebidos por filhos (predestinados) “Em amor nos predestinou para sermos filhos de adoção...” ( Ef 1:5 ).
Os cristãos a quem Paulo estava escrevendo eram inculpáveis em meio a uma geração perversa, ou seja, geração que decorre da semente de Adão “... filhos de Deus inculpáveis...” ( Fl 2:15 ), e, por isso mesmo, participantes da santidade divina.
   A idéia que o escritor aos Hebreus evidenciou aos cristãos é que se tornaram participantes da santidade divina (natureza). Para isso, ele se socorreu da exortação que admoesta os homens quando recebidos por filhos ( Pv 3:11 ).
Deus recebeu os cristãos por filhos e os trata como filhos “Deus vos trata como a filhos” ( Hb 12:7 ), e a disciplina que o cristão 'sofre' confirma que está de posse de uma nova condição em Cristo: é filho, e por isso, será corrigido e disciplinado pelo Pai.
A disciplina de Deus demonstra o cuidado que Ele dispensa aos seus filhos, que através de    Cristo são legítimos, e não bastardos. Enquanto os pais naturais corrigem os seus filhos segundo um parecer próprio, Deus corrige os seus para que permaneçam participantes da sua Santidade.
   O cristão é santo por ser participante da natureza divina ( 2Pe 1:4 ), e não porque sofre a correção. E ninguém, que ainda não é filho, será disciplinado por Deus, pois a correção só é para os filhos.
   Se os cristãos considerarem que Cristo suportou a oposição dos pecadores contra si ( Hb 12:3 ), não desfalecerão. O que pesa sobre os cristãos hoje é a correção do Senhor, e não a oposição dos pecadores, pois Ele já os recebeu por filhos.
A correção do Senhor serve para demonstrar que os cristãos são verdadeiramente seus filhos, e que precisam permanecer participantes de sua Santidade.
A correção do Senhor demonstra simplesmente que o cristão foi recebido por filho, e que não é bastardo. Jamais a correção ou a disciplina é o elemento que Santifica o homem.

Fonte: Estudo Bíblico

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