O sangue de Cristo é imprescindível para nossa santificação diante de Deus. Imprescindível para sermos irrepreensíveis. Deus nos remiu segundo a riqueza de sua graça, pois não merecíamos. Deus providenciou o sangue de Cristo para nos livrar do poder do pecado transportando-nos para o reino do Filho do seu amor.
“6 Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, 7 Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, 8 Que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; 9 Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, 10 De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; 11 Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; 12 Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; 13 Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”(Ef 1:6 -13).
O apóstolo Paulo é bastante enfático ao afirmar que todas as preciosas bênçãos e promessas das Escrituras foram garantidas ao que creem 'em Cristo'.
Esta expressão ‘em Cristo’ que o apóstolo usa é sintaticamente denominada no idioma grego de dativo preposicionado. É uma característica própria aos escritos bíblicos do Novo Testamento. O apóstolo Paulo usa bastante o dativo preposicionado, mas a sintaxe não é de uso exclusivo do apóstolo Paulo. Podemos perceber que tal sintaxe é herança do Antigo Testamento.
'Em Cristo' no grego é um uso específico do dativo. Como é sabido, antes dos escritores do Novo Testamento não há registro de que alguém dentre os gregos tenha utilizado o dativo preposicionado para expressar 'em Platão', 'em Sócrates', etc. Somente no Novo Testamento encontramos frases com este uso específico do dativo.
No capítulo 1 da carta aos Efésios o elemento gramatical mais repetido é a preposição grega 'en', correspondente ao nosso “em”, seguida do dativo 'Χριστv', e as vezes com o pronome pessoal (“nele”), ou com um nome (“em Cristo”, “no Amado”).
No A. T. esta sintaxe é utilizada, como por exemplo em Genesis 12, verso 3 "E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra".
Esta é a primeira e a mais importante construção sintática do Antigo Testamento que ecoa no Novo Testamento, pois Deus estava dando a promessa de que a salvação estaria no Descendente de Abraão, Jesus Cristo. Leia o capítulo 3 de Gálatas bem devagar, com atenção dobrada nos versos 14 à 16.
Salmo 51: 5 "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe”. Esta referência bíblica diz da condição do homem sem Jesus.
É importante conhecer o dativo preposicionado para compreender melhor a abundante graça do Evangelho de Cristo.
Um exemplo se encontra no uso do termo ‘fiel’. Para o homem natural fiel é uma qualidade pessoal. Na Bíblia, quando a palavra é usada em conexão com o dativo preposicionado: “fiel em Cristo”, não diz de uma qualidade vinculada às disposições internas do indivíduo, mas da condição espiritual do homem salvo “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso, e fieis em Cristo Jesus” ( Ef 1:1 ).
O livro de Oséias também apresenta esta mesma sintaxe, veja: "Eu quero amor e não sacrifícios, conhecimento de Deus e não holocaustos. Em Adam eles quebraram a minha aliança, aí eles me traíram" (Os 6:6 -7 - Bíblia CNBB).
O primeiro capítulo de Efésios usa o dativo em várias frases onde o elemento gramatical 'em' é somado ao pronome pessoal 'ele' (em+ele=nele), ou com um nome (em Cristo, no Amado), uma peculiaridade das Escrituras que demonstra a condição dos salvos.
Se o homem não estiver em Cristo, ele está em pecado. O dativo preposicionado fala da condição do homem, que pode ser salvo ou perdido.
Nós, os salvos em Cristo, os filhos de Deus por adoção, passamos da antiga existência para uma nova vida para louvor e glória da graça de Deus e, justamente por esta graça (bondade e benignidade de Deus para com os homens) recebemos a redenção e a remissão dos pecados.
O apóstolo Paulo, em suas cartas, geralmente depois da saudação inicial, bendiz por tudo que Deus proporcionou aos cristãos, o que se constitui em uma espécie de introdução de tudo o que ele irá dissertar no corpo da carta. Veja o que diz o verso 7: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça” (v. 7).
O sangue de Cristo é um quesito essencial da eleição para ser santo e irrepreensível. Sem o sangue de Cristo derramado na cruz do Calvário não haveria remissão para os homens (sem derramamento de sangue não há remissão). Sem o sangue de Cristo continuaríamos repreensíveis, pois Adão tornou-se repreensível diante de Deus, condição que ele passou a todos que dele são gerados (só para informar: todos os homens, necessariamente, primeiro são gerados de Adão "Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual" ( Co 15:46 ).
Logo, o sangue de Cristo é imprescindível para nossa santificação diante de Deus. Imprescindível para sermos irrepreensíveis. Deus nos remiu segundo a riqueza de sua graça, pois não merecíamos. Deus providenciou o sangue de Cristo para nos livrar do poder do pecado transportando-nos para o reino do Filho do seu amor.
A GRAÇA DE DEUS
Este é outro assunto que demanda atenção porque há vários aspectos pertinentes a graça de Deus e nenhum deles pode ser descartado. Por exemplo: a salvação que ganhamos é graça de Deus; nós nos tornarmos filhos de Deus, o que é resultado da graça; ter uma herança no céu é graça de Deus; desfrutar do cuidado de Deus no dia a dia é graça; reinar com Cristo na glória é graça; a obra de Cristo é a Graça de Deus.
Em suma, podemos afirmar categoricamente que Cristo é a Graça de Deus!
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus" ( Ef 2:8 ) – Somos salvos por Cristo Jesus.
"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens" ( Tt 2:11 ) – Cristo Jesus se manifestou para tirar os nossos pecados ( 1Jo 3:5 ).
O apóstolo usa este parágrafo, a saber, do verso 6 até o verso 13 para descrever as riquezas da graça. O verso 6, como estudamos um pouco na carta anterior, fala sobre o louvor que cada crente proclama, até mesmo sem abrir a boca. Os homens não conseguem perceber quem é nascido de Deus quando analisa o que é aparente, o exterior ( Jo 3:8 ).
O verso 7 continua falando da graça de Deus que, para com os homens, é RICA. É mais preciosa do que prata e ouro.
“Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”
A graça de Deus concedeu-nos redenção!
Farei o esforço de tentar resumir este assunto que é ensinado desde o Gênesis até o Apocalipse.
Desde o princípio Deus criou o homem para ser participante da sua Glória, de modo que fosse semelhante a Ele. Deus é santo (perfeito), liberdade, vida e amor, justiça, etc., e fez o homem livre para escolher ser participante da Glória de Deus.
No período em que se iniciou a escolha veio Satanás e enganou o homem, que se vendeu como escravo ao pecado. A escolha do homem foi se separar de Deus quando desobedeceu à ordem divina. Adão usou da liberdade para dar ocasião ao pecado!
Deus é santo e não pode habitar com o homem em pecado. Deus é justo e a condição do homem era empecilho para o homem ser participante da sua glória, visto que este se vendeu ao pecado tornando-se propriedade do pecado.
Era necessário remir o homem.
Um escravo não pode remir-se sozinho. É impossível. E por quê?
Porque ele se vendeu e teria que ser comprado. Mas, como um escravo compraria a si mesmo se tudo que produz pertence ao seu senhor? No caso do homem gerado de Adão, o senhor dele é o pecado. E tem mais, o pecado como senhor recompensa os seus escravos com a morte.
E para completar, o homem cometeu injustiça contra Deus. Deus é Justo é não pode habitar com a injustiça. Não bastava, simplesmente, comprar o homem, tinha que reparar a injustiça.
Eitá caso complicado! Este quadro demonstra que era impossível o homem remir-se.
Então Jesus despiu-se da sua glória, gerado do Espírito, se fez homem, o que o tornou isento de pecado, porém, em tudo foi provado como homem. Como homem teve que crer no Pai e obedecê-lo, porque não crer foi a injustiça que Adão cometeu: não creu, não obedeceu a Deus e, por fim, Jesus foi morto, doou seu sangue, sua própria vida em resgate da humanidade “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas” ( Ef 1:7 ).
Isto é graça ABUNDANTE!
Entregar a vida por um justo é graça, mas Cristo deu a sua vida por homens pecadores, demonstrando assim a dimensão das riquezas da sua graça.
O apóstolo não fala em riqueza da graça no singular. Ele diz: riquezas da graça, no plural.
Deixar seu trono de glória e vir a este mundo para ser tratado como rei, já seria graça, mas não..., não foi somente isto! Ele veio a este mundo como servo. Veio para servir seres que se venderam como escravo. Veio servir e não ser servido pelos que estavam encarcerados. Veio redimir os escravos do pecado. Imagine: Para cumprir a missão designada pelo Pai, Jesus sujeitou-se a servir homens na condição de escravos do pecado!"Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que pela sua pobreza enriquecêsseis" ( 2Co 8:9 ).
Você consegue dimensionar a o tamanho da graça?
Ele passou pelas mesmas paixões que nós. Não poderia Ele, sendo Deus, ter nos servido dotado de sua divindade, isento das emoções que tanto perturbam os seres humanos?
Ele até poderia, se não tivesse que reparar a injustiça que o homem cometeu contra Deus. Mas, como o homem não confiou e desobedeceu, Jesus teve que, como homem, confiar e obedecer (que são a mesma coisa: quem crê obedece). Enquanto Adão devia confiar para permanecer na vida, Cristo, como homem teve que confiar a ponto de passar pelo vale da sombra da morte, para resgatar a humanidade da maldição que se abateu sobre toda a humanidade.
Ele sofreu frustrações, decepções, rejeições, perdas, lutos, angustias, etc., o que demonstra o quanto foi obediente. Obedecer quando a situação é favorável, situação pertinente a Adão, era conveniente. Jesus teve que obedecer diante do que é inconveniente a todos os homens: morte de cruz. Ele sabia exatamente o que O aguardava, tudo para remir o homem do pecado.
Você não acha que é abundante esta graça?
Entretanto, o ápice da graça encontra-se na ressurreição que Deus nos concedeu, pois o salário do pecado é a morte, e todos pecaram, então, todos deveriam morrer; e, de fato, todos morrem, pois Cristo morreu "Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram" ( 2Co 5:14 ), mas através da ressurreição de Jesus Cristo, Deus nos ressuscita para a vida eterna, salvação eterna, e nos destinou para sermos filhos de Deus, de modo que reinarmos com Cristo para sempre “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” ( 2Co 5:15 ).
Além da remissão do pecado, Deus nos presenteou com a adoção de filhos e nos deu o seu reino como herança.
"Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" ( Jo 1:17 )
A graça veio por Jesus, a graça está em Jesus, a Graça é Jesus!
Fonte: Estudos Bíblicos
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